Lasciate ogni speranza voi que entrate.

Lasciate ogni speranza voi ch'entrate.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

[2]666

Às vezes o policial judiciário Juan de Dios Martínez se surpreendia ao ver de Elvira Campos trepava bem e quão inesgotável era na cama. Trepa como se fosse morrer, pensava. Em mais de uma oportunidade teria gostado de dizer a ela que não era preciso, que não se esforçasse, que ele, contanto que a sentisse perto, só em roçá-la, já se dava por satisfeito, mas a diretora, quando se tratava de sexo, era prática e efetiva. Minha rainha, Juan de Dios Martínez lhe dizia às vezes, meu tesouro, meu amor, e ela, no escuro, dizia que calasse a boca e sorvia até a última gota: de seu sêmen?, de sua alma?, da pouca vida que então ele acreditava lhe restar? Faziam amor, por expresso desejo dela, numa semipenumbra. Às vezes sentia-se tentado a acender a luz e contemplá-la, mas o desejo de não a contrariar o refreava. Não acenda a luz, ela lhe disse numa ocasião, e ele pensou que Elvira Campos era capaz de ler seu pensamento.

(2666, Roberto Bolaño, pág 408, Parte dos Crimes)


Capitu

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